VIA EXPRESSA:DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E URBANO
ESTUDO DE CASO DE APLICAÇÃO DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA
AUTORA:ÉRIKA MAIA TIMÓTEO*
ENDEREÇO:ALAMEDA UNIVERSO, 1875- VILLE DE MONTAGNIE
NOVA LIMA- MG
* ALUNA DO 7o PERÍODO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. TRABALHO FEITO ATRAVÉS DE BOLSA DE PESQUISA DO PROBIC, SOB A ORIENTAÇÃO DA PROFESSORA MESTRE ANA CLARA MOURÃO MOURA.
1.INTRODUÇÃO
O trabalho aqui apresentado refere-se ao mapeamento temático de características de trecho da VIA EXPRESSA - do Parque Municipal à Gameleira - visando o diagnóstico urbano da área, resultando no levantamento e análise de áreas degradadas, ocupações de risco e áreas propícias a intervenções de melhoramentos.
Foi composta uma coleção de mapas sobre a área, entre eles: mapa de vegetação, de densidades, de declividades, de uso do solo (comércio, prestação de serviço, serviço de uso coletivo, residências e indústrias ), de padrão das edificações, geológico e geotécnico, de restrições à ocupação segundo lei 6766/79, de valores cênicos, históricos e de recreação, afastamentos em relação às divisas, material de acabamento e época de construção.
Além dos mapas acima citados foram construídos Mapas-síntese e um Mapa Diagnóstico-final da região. O conjunto de mapas temáticos descrevem, de forma objetiva, perfis da área enfocada, enquanto que os mapas-síntese somam e interpretam informações sobre um conjunto correlato de dados. Diante do produto organizado, diferentes mapas-síntese podem ser propostos em diferentes associações de mapas temáticos, assim como diferentes profissionais, tendo a oportunidade de manusear os mesmos, podem propor diferentes interpretações, gerando uma visão mais dinâmica e representativa do complexo urbano.
A proposta de adoção da cartografia temática como base principal para a elaboração do diagnóstico urbano da área escolhida apresenta-se como eficaz instrumento de análise e síntese de dados. O trabalho de síntese, uma das maiores expressões da capacidade racional do homem, é base da linguagem cartográfica. Os mapas podem ter o objetivo de somente retratar o existente, como podem também conter informações resultantes de interpretações e de correlações de dados.
O diagnóstico de uma área urbana baseado na cartografia temática, através da escolha de mapas-tema e da sobreposição desses em análises parciais, resulta em perfis dos valores sociais e características físico-ambientais, possibilitando a determinação de restrições, potencialidades e probabilidades. Características que são identificáveis e mensuráveis, bem como possíveis de serem localizadas espacialmente, são mapeadas formando o "todo" da imagem visual do espaço urbano. É, então, possível definir o grau de susceptilidade a certos usos urbanos, através da identificação de características naturais e sociais que favorecem ou são hostis aos mesmos, objetivando o desenvolvimento associado à preservação ambiental e de valores.
Ao adotar como área de trabalho a VIA EXPRESSA, a pesquisa promove diagnóstico ambiental de um setor urbano de grande importância para a formação e evolução do sítio urbano de Belo Horizonte. Os dados produzidos podem tornar-se base para a construção de propostas de intervenção urbana.
Trabalhando com princípios da Semiologia Gráfica baseada nas propriedades da percepção visual, o mapeamento temático é composto de modo a garantir eficaz comunicação dos dados, construindo uma ponte entre os usuários, instituições e técnicos.
2.METODOLOGIA
A escolha das técnicas de trabalho levou em consideração as metodologias relativas à Cartografia Temática e à Semiologia Gráfica. Foi baseada em:
*.Coleta de dados:
- Coleta direta de dados(trabalho de campo)
- Coleta indireta de dados: manuseio de fotografias aéreas, mapas aerofotogramétricos e ortofotocartas
- Coleta de dados em instituições (como para a produção dos mapas geológico e geotécnico, de vegetação e época de construção)
*.Organização dos dados na produção da coleção de mapas
*.Redação de texto com análises dos mapas produzidos
A metodologia é melhor explicada nas etapas de trabalho:
Etapa 1: Organização de informações resultantes da coleta indireta de dados
-Construção de base cartográfica, usando como fonte mapas aerofotogramétricos da PRODABEL, esc. 1:2.000, vôo de 1989.
-Mapeamento da época de construção usando como fonte fotografias aéreas a serem consultadas no PLAMBEL (esc. 1:8.000). O estabelecimento de classes de mapeamento foi de acordo com as datas das coleções de fotografias existentes.
-Estudo das densidades na área tendo como base mapas aerofotogramétricos e ortofotocartas (PRODABEL, vôo de 1989, esc. 1:10.000) da área.
-Estudo da vegetação tendo como base ortofotocartas e fotografias aéreas.
-Produção do Mapa de Declividades usando como base as curvas de nível obtidas nos mapas aerofotogramétricos.
Etapa 2:Coleta direta de dados e organização dos mesmos em cartas temáticas
-Trabalho de campo para coleta direta de dados
-Organização dos dados coletados, produzindo os mapas: Uso do Solo; Padrão das Edificações; Valores Cênicos, Históricos e de Recreação; Material de Acabamento; Afastamentos em Relação às Divisas.
Etapa 3:Produção de mapas resultantes de análise de outros mapas
-Produção do Mapa de Restrições à Ocupação segundo Lei 6766/79, com base em dados já levantados em outros mapas
-Obtenção do Mapa Geológico e Geotécnico da área em órgãos como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Etapa 4:Produção de mapas somatórios
-Produção dos Mapas-Síntese
-Produção do Mapa-Diagnóstico Final
Etapa 5:Redação Final
Redação de texto com análise dos mapas, resultando no diagnóstico ambiental urbano da área.
3.HISTÓRICO DA VIA EXPRESSA
Com o grande crescimento populacional de Belo Horizonte, começou-se a pensar no desenvolvimento de um Centro Metropolitano em Betim, para melhor distribuição de serviços e maiores possibilidades de empregos. Para isso, era importante a criação de uma via de ligação entre esses dois centros. Daí surgiu o projeto da Via Urbana Leste-Oeste, mais conhecida como Via Expressa.
A Via Expressa se divide em dois trechos: o primeiro, que se inicia no centro de Belo Horizonte e termina em Contagem, e o segundo, que vai de Contagem até Betim.
De acordo com a descrição do projeto proposto pelo PLAMBEL(1977:46):
"O projeto executivo da Via Urbana Leste-Oeste foi contratado pelo DER-MG, por delegação do DNER, dentro do Programa Especial de Vias Expressas-PROGRESSO. O trecho da via deste contrato é aquele que se inicia na ponte do Perrela e termina no anel rodoviário, numa extensão de 10 Km. O escopo do projeto abrange, além da via propriamente dita, a canalização do Ribeirão Arrudas, uma faixa privativa para transporte coletivo de massa (BUSWAY), o remanejamento dos trilhos ferroviários e a renovação e aproveitamento urbanístico das áreas marginais..."
3.1 Desapropriações
A região onde foi implantada a Via Expressa era ocupada, em quase toda sua extensão, por casas, geralmente de pessoas de baixa renda. No início do projeto, tinha-se como um dos objetivos conter o número de desapropriações, tanto para facilitar o desenvolvimento das obras, como para evitar grandes deslocamentos de população.
Um dos pontos incoerentes com esse objetivo é o fato de que, nas regiões próximas a uma interconexão com uma via importante, as áreas deveriam ser totalmente liberadas.
Para algumas áreas que já se encontravam desocupadas ou mal utilizadas ao longo da via foi previsto o aproveitamento e renovação urbanísticos.
Para se evitar futuros problemas em relação ao uso do solo foi criada uma faixa ao longo de sua linha reguladora chamada de Setor Especial, no qual a aprovação de edificações deveria esperar até o final do projeto.
3.2 Canalização do Arrudas
Já se é conhecido o problema das inundações do Ribeirão Arrudas que havia naquela época e se sabe também que a Via Expressa se desenvolve ao longo de grande parte de seu vale. Esse problema haveria de se agravar na medida em que a urbanização aumentasse nessa área, fato que aconteceu logo após o término do projeto.
O projeto previa "...a canalização do Ribeirão Arrudas desde a confluência com o Córrego do Tejuco até a ponte do Perrela, numa extensão de 7,0 km. Para minimizar as desapropriações a via foi projetada sobre o leito do ribeirão, o que determinou que a canalização fosse prevista em seção fechada (galeria tri-celular de concreto armado)..."
3.3 Via urbana
O projeto previa a criação de uma faixa privativa de ônibus (BUSWAY) ao longo da Via Expressa. O sistema ferroviário seria aproveitado mais futuramente para realizar o transporte de massa.
Foi também prevista a implantação da Via Expressa, com duas pistas, marginais, acesso controlado para o atendimento aos veículos particulares, de transporte rodoviário de carga e de passageiros de longa distância.
O sistema viário urbano seria ainda constituído por interseções com outras vias, viadutos (considerados vias coletoras em nível superior) e um trecho em túnel sob a Av. Francisco Sales.
4.O MAPEAMENTO DA VIA EXPRESSA E A CARTOGRAFIA TEMÁTICA
O trabalho sobre a Via Expressa foi feito utilizando-se da Cartografia Temática. A Cartografia Temática pode ser vista como uma "obra aberta", pois ela não só possibilita a percepção das informações contidas numa área, como também permite a interpretação de diferentes profissionais, isto é, ela está aberta a diferentes análises.
Os mapas ou produtos cartográficos devem ser feitos de tal forma que possibilitem uma fácil comunicação entre técnicos e tornem possível a atualização de dados.
A Cartografia Temática produz interrelações de dados de uma determinada área, proporcionando mapas-síntese de dados que estão em constante mudança, ou seja, traduzem a dinâmica espacial. Isso se explica pela possibilidade de atualização de dados naquela região. Por exemplo, a Via Expressa possui uma maior concentração de comércio, mas isso poderá ser mudado daqui uns anos, pois ela está submetida a mudanças.
Quando se escolhe trabalhar com produtos cartográficos, primeiro devem ser feitos os mapas temáticos que dão informações singulares sobre a área. Em segundo lugar, são produzidos mapas-síntese nos quais são sobrepostos dois ou mais mapas temáticos, dependendo do tipo de análise desejada. Por fim, é feito o Mapa Diagnóstico Final, no qual constarão os dados mais importantes de todos os mapas temáticos e dos mapas-síntese. Com o Mapa Diagnóstico Final é possível ter uma visão geral das características mais importantes daquela região.
A Semiologia Gráfica foi desenvolvida pela equipe do "Laboratoire de Graphique" da "École des Hautes Études en Sciences Sociales", com a coordenação do Professor JACQUES BERTIN, para a adoção de signos que proporcionassem uma melhor e mais correta interpretação dos mapas. BERTIN acreditava que o pior erro, e o mais freqüente, na elaboração de um mapa era a troca de características, o que provocava uma falsa informação.
A adoção do sistema de signos facilitou a compreensão dos mapas, pois esses são para serem apreendidos no primeiro instante e não para serem "traduzidos". É justamente nesse ponto que está a vantagem de se adotar a Cartografia Temática e a Semiologia Gráfica, pois as pessoas compreendem melhor o que estão vendo e analisando; a comunicação é direta.
Segundo MOURA(1993:60):
"Aplicar a metodologia da Semiologia Gráfica é realizar a transcodificação da linguagem escrita para a linguagem gráfica, evitando o ‘ruído’ na comunicação, buscando signos que realmente representem as características mapeadas..."
Para cada mapa devem ser escolhidos os signos e o tratamento gráfico a ser adotado. Devem ser observadas as referências colocadas no mapa (fonte, escala gráfica e/ou métrica, orientação, executor, ano de realização do mapa e ano da fonte dos dados), a escolha de um título e de legendas. A escala do mapa varia de acordo com os objetivos e público a que se destina.
Depois de tudo isso pensado, deve-se estudar o tratamento gráfico da informação através, inicialmente, da escolha dos componentes, isto é, o tipo de informação mapeada.
Existem três níveis de organização que estão relacionados ao significado da informação: o quantitativo, o ordenado e o qualitativo. "O qualitativo pode ser associativo ou seletivo, sendo que o primeiro exprime a comparação entre os elementos e o segundo diferenciação". (MOURA- 1993:64)
Exemplos desses níveis de organização podem ser citados: o componente padrão das edificações é considerado ordenado e seletivo, o componente uso do solo pode ser seletivo e associativo e o componente número de habitantes por edificações é quantitativo.
O modo como um componente é implantado pode ser pontual, linear ou zonal. Tomando como exemplo o mapa de valores cênicos, históricos e de recreação, pode-se observar que quando se trata de um edifício que possui um valor histórico, ele é pontual. Quando um viaduto, como o Santa Tereza, é considerado valor cênico, é linear; e quando uma área é considerada valor de recreação e possui uma mancha, é zonal.
Os mapas temáticos feitos sobre a Via Expressa foram:
.Comércio
.Prestação de Serviços
.Serviços de Uso Coletivo
.Residências e Indústrias
.Padrão das Edificações
.Material de Acabamento
.Vegetação
.Afastamentos em Relação às Divisas
.Densidades
.Declividades
.Época de Construção
.Geológico e Geotécnico
.Restrições à Ocupação Segundo Lei 6766/79
.Valores Cênicos, Históricos e de Recreação
Os mapas-síntese foram baseados em vários mapas temáticos:
.Uso do Solo(Comércio, Prestação de Serviços, Serviços de Uso Coletivo, Indústrias e Residências).
.Zoneamento Funcional(Padrão das Edificações, Material de Acabamento, Afastamentos em Relação às Divisas e Densidades).
O Mapa Diagnóstico Final foi baseado em dados importantes e significativos de alguns mapas, tais como: área de maior concentração de algum tipo de serviço(comércio, prestação de serviços, etc), área considerada de risco para a construção de uma edificação, tipo de vegetação expressiva que deve ser mantida, possíveis áreas de lazer, valores cênicos, históricos e de recreação em uso.
5.ANÁLISE DOS MAPAS
5.1 Mapa de Comércio:O mapa foi feito através de dados obtidos na pesquisa de campo, realizada no período de março de 1995 a meados do mês de maio de 1995. Foi consultada a Lei de Uso e Ocupação do Solo de BH (1985) para classificação dos tipos de comércio existentes. Ele foi elaborado pensando-se em signos representativos dos vários tipos de comércio existentes. Dividiu-se, de acordo com a freqüência do consumidor, em: uso freqüente, uso regular e uso esporádico. Analisando-o pode-se perceber a existência de algumas aglomerações em certas regiões da Via Expressa. São dois os tipos principais de aglomerações: de loja de móveis usados e novos e de revenda de peças de veículos. É importante citar que o comércio da Via Expressa não é voltado somente para as regiões lindeiras à ela e, sim, para toda a cidade.
5.2 Mapa de Prestação de Serviços:O mapa teve como fonte os dados retirados da pesquisa de campo realizada no período de março de 1995 a meados do mês de maio de 1995. Logo após uma análise inicial foi feita uma consulta à Lei de Uso e Ocupação do Solo de BH(1985) para classificar os tipos de prestação de serviços existentes na Via Expressa. Esse mapa também teve de ser pensado em termos de freqüência de uso. Pode-se observar, ao analisar esse mapa, que existem poucas aglomerações de um único tipo de prestação de serviços. O tipo mais comum que acontece ao longo do trecho da Via Expressa analisado é o de serviços técnicos e profissionais. Desses, os mais freqüentes são os serviços de mecânica.
5.3 Mapa de Serviços de Uso Coletivo:O mapa teve também como fonte os dados retirados da pesquisa de campo, e também foi pesquisada a Lei de Uso e Ocupação do Solo de BH(1985). O mapa foi pensado de forma a classificar os tipos de serviços. Analisando esse mapa pode-se perceber que a Via Expressa quase não possui serviços de uso coletivo. É importante destacar que, ao se aproximar do centro da cidade, onde há um número grande de moradores, é que se tem uma pequena aglomeração desse tipo de serviço.
5.4 Mapa de Residências e Indústrias:Esse mapa também teve como fonte os dados obtidos na pesquisa de campo no período entre março de 1995 e meados do mês de maio de 1995. Para a classificação das indústrias foi consultada a Lei de Uso e Ocupação do Solo de BH(1985). O tratamento gráfico adotados para a construção do mapa favorece a diferenciação dos temas: para as residências usou-se hachuras e para as indústrias usou-se signos(asteriscos). Analisando o mapa no que se refere às residências, pode-se perceber que ela são quase inexistentes. O tipo de residência mais freqüente é o de uso misto, pois, como já foi dito anteriormente, a Via Expressa possui em quase toda sua extensão o uso comercial. No que diz respeito às indústrias, existem apenas três no trecho analisado. Isso se justifica pela falta de espaço suficiente para a instalação de indústrias, tanto que as que existem são de pequeno porte.
5.5 Mapa de Padrão das Edificações:O mapa de padrão das edificações teve como única fonte os dados tirados da pesquisa de campo feita no período entre a mês de março de 1995 e meados do mês de maio de 1995. O tratamento gráfico adotado na produção do mapa foi o uso de hachuras. Isso porque é um mapa do tipo ordenado, pois ele classifica as edificações desde um padrão péssimo até o ótimo. Ele mostra com clareza que a maioria das edificações possui um padrão regular. O que foi observado nessas edificações é que algumas poderiam ter um padrão melhor, mas estão com o estado de conservação tão ruim que este fator as rebaixou na classificação geral.
5.6 Mapa de Época de Construção:O mapa teve como fonte fotografias aéreas de 1977 e 1981 e mapas aerofotogramétricos vôo de 1989 e escala 1:2.000 consultados no PLAMBEL. O tratamento gráfico utilizado também foi hachuras. Observando bem esse mapa pode-se perceber que quase todas as edificações já existiam em 1977. É importante destacar que algumas edificações existentes naquela época foram derrubadas quando iniciou-se o projeto de implantação da Via Expressa.
5.7 Mapa de Material de Acabamento:Esse mapa teve como fonte a pesquisa de campo realizada no período entre março de 1995 e meados de maio de 1995. Teve também como forma de apresentação dos dados diferentes tipos de hachuras. ë importante citar a grande variedade de materiais de acabamento observados ao longo da Via Expressa, sendo que o tipo mais freqüente é a alvenaria com rebôco e pintura. Isso se explica pelo fato de que o padrão das edificações é na sua maioria regular, por isso se encontra o tipo mais simples e barato de material de acabamento.
5.8 Mapa de Afastamentos em Relação às Divisas:O mapa teve como fontes os dados da pesquisa de campo e os mapas aerofotogramétricos (PRODABEL, vôo de 1989, esc.1:2.000). Para o tratamento gráfico desse mapa utilizou-se hachuras. Pode-se verificar, ao analisar o mapa, que a maioria das edificações não possuem quase nenhum afastamento e essas coincidem com as edificações mais antigas.
5.9 Mapa de Densidades:O mapa de densidades obteve suas fontes retiradas dos mapas aerofotogramétricos(PRODABEL, vôo de 1989, esc.1:2.000). Esse mapa foi feito tendo que se calcular a porcentagem entre o tamanho do lote e área ocupada pela edificação. Ele está diretamente ligado ao mapa de afastamentos, pois há uma relação lógica entre as áreas de nenhum afastamento com as áreas de maior densidade, as de 1 a 3 afastamentos com as áreas de média densidade e as com todos os afastamentos com as de baixa densidade. Concluiu-se que a Via Expressa se caracteriza dentro desse mapa como uma região quase toda de alta densidade.
5.10 Mapa de Vegetação:Os dados necessários para a produção do mapa de vegetação foram retirados das fotografias aéreas consultadas no PLAMBEL(esc.1:8.000, vôo de 1989). Foram lançadas manchas diferenciando vegetação do tipo rasteira, arbustiva e arbórea. As manchas são tratadas como hachuras. Analisando o mapa de vegetação pode-se perceber, em primeiro lugar, a ausência de vegetação arbustiva. Nota-se também a grande presença de vegetação rasteira no início do trecho analisado. A vegetação arbórea, quando aparece, é mais esparsa, com exceção, é claro, do Parque Municipal onde sua presença é abundante.
5.11 Mapa de Valores Cênicos, Históricos e de Recreação:O mapa foi produzido com base nos dados da pesquisa de campo realizada no período entre o mês de março de 1995 e meados do mês de maio de 1995. Nesse mapa optou-se por utilizar os três modos de implantação do componente, ou seja, pontual, linear e zonal. As conclusões obtidas se diferem para cada tipo de valor. Os valores cênicos são os mais presentes e geralmente são algum tipo de vegetação interessante ou um ponto de referência para a cidade. Já os valores históricos são, geralmente, edificações muito antigas, sendo que a mais importante é a Estação Ferroviária, que serve também como ponto de referência. Os valores de recreação são poucos e os que existem são, geralmente privativos.
5.12 Mapa Geológico e Geotécnico:Os dados obtidos tiveram como fonte os mapas do Instituto de Geociências, esc.1:25.000, 1995. O tratamento gráfico utilizado para a confecção do mapa foi o de hachuras, procurando localizar as manchas existentes no mapa do Instituto de Geociências e lançá-la no mapa. Foi notada a presença de dois condicionantes morfológicos e hidrológicos (zonas) nas regiões lindeiras à Via Expressa e uma praticamente percorrendo toda a sua diretriz. Quanto à litologia, a Via Expressa possui os gnaisses dos Tipos 1,2 e 3, com espesso manto de intemperismo em perfil bem desenvolvido. Analisando, então, a litologia e as zonas pode-se perceber que há problemas na zona que cobre a Via Expressa. Essa zona possui uma elevada predisposição a escorregamento do tipo deslizamento, associação à escavação, erosão, assoreamento e cavidades abandonadas.
5.13 Mapa de Declividades:O mapa foi feito usando como fonte o mapa da PRODABEL, vôo de 1989, esc.1:2.000 e usando do método do ábaco. Ao analisar o mapa pode-se perceber que a Via Expressa está, geralmente, variando entre as cotas 845m e 855m formando um vale, pois as regiões próximas à ela já possuem uma inclinação muito grande.
5.14 Mapa de Restrições à Ocupação Segundo Lei 6766/79:Para a produção desse mapa usou-se como fonte o mapa de declividades e dados técnicos sobre áreas próximas de curso d’água. Foram destacadas áreas consideradas de risco à ocupação segundo lei 6766/79 quando da produção de outros mapas. Foi lançada também uma faixa de 15m de distância de cada margem do Ribeirão Arrudas, a qual consiste em área imprópria à construção devido à presença de curso d’água. Analisando o mapa percebe-se que, na Via Expressa propriamente dita, não há áreas com inclinações acima de 30%, mas sim nas regiões lindeiras à ela. Algumas dessa regiões são ocupadas por favelas, o que proporciona um risco ainda maior, pois, na maioria das vezes, as casas não possuem fundações seguras ou simplesmente apresentam apenas sapatas corridas. No caso da faixa que percorre todo o curso d’água, pode-se afirmar que quase nenhuma edificação poderia ser construída, pois haveria o risco de desabamento.
5.15 Mapa-Síntese de Uso do Solo:O mapa teve como fonte os mapas temáticos de: comércio, prestação de serviços, serviços de uso coletivo e indústrias. O método utilizado na produção desse mapa foi a síntese dos dados obtidos nos mapas temáticos usados como fonte. Analisando-o pode-se perceber mais claramente as concentrações de cada tipo de serviço. O tipo de serviço que possui uma presença maior e mais marcante, como era de se esperar, é o comércio.
5.16 Mapa-Síntese de Zoneamento Funcional:Esse mapa-síntese teve como fontes os mapas temáticos: padrão das edificações, material de acabamento, afastamentos em relação às divisas e densidades. A produção desse mapa-síntese teve como metodologia uma classificação em padrões(BOM,MÉDIO E RUIM), tratados como dados ordenados. É importante citar que o mapa temático de época de construção não foi utilizado como fonte porque as suas variações não eram significativas, não servindo, portanto, como parâmetro de diferenciação. Ao analisar o mapa-síntese de zoneamento funcional pode-se perceber claramente que a Via Expressa possui edificações que, em sua maioria, são de características mediana. Isso mostra mais uma vez a homogeneidade da via.
5.17 Mapa Diagnóstico Final:O mapa diagnóstico final teve como fonte os mapas de uso do solo, de restrições à ocupação segundo Lei 6766/79, de valores cênicos, históricos e de recreação e de vegetação.
A metodologia adotada para a produção desse mapa foi a sintetização dos dados mais importantes dos mapas usados como fontes.
O mapa-síntese de uso do solo serviu para mostrar as concentrações mais expressivas de comércio, prestação de serviços e serviços de uso coletivo. Diferenciou-se em concentração expressiva de comércio e prestação de serviços (predomínio de comércio), concentração de serviços de uso coletivo e concentração de prestação de serviços.
Em relação aos valores paisagísticos e ambientais foram analisadas: áreas propícias ao desenvolvimento de atividade de lazer (praça), vegetação expressiva, valores históricos e de recreação em uso e pontos de referência.
Já em relação às áreas com restrições à ocupação pode-se citar: restrição devido à alta declividade e área de influência de curso d’água. Analisando o mapa diagnóstico final é possível obter uma visão geral da Via Expressa.
Em primeiro lugar, devem ser analisadas as concentrações dos tipos de usos. A primeira concentração a ser comentada é a de comércio e prestação de serviços, com o predomínio de comércio. Essa concentração acompanha quase toda a Via Expressa, sendo que está mais presente na região entre o Viaduto Silva Lobo e o Viaduto Castelo Branco.
Uma concentração existente é a de serviços de uso coletivo. É uma concentração menor, que se localiza próxima à Praça da Estação.
O último tipo de concentração existente é a de prestação de serviços que se localiza na região mais antiga, logo depois do Viaduto Santa Tereza. É importante citar que nessa região já não há mais um dinamismo igual às regiões onde o comércio está presente.
Uma observação importante sobre a Via Expressa é o fato da região entre a Rodoviária e a Praça da Estação perder a referência enquanto lugar, passando a ser um limite entre bairros (no caso, entre o Centro da cidade e o bairro Floresta).
Analisando, agora, a presença de vegetação expressiva, pode-se dizer que ela só é presente em alguns trechos. É importante lembrar que eram previstas, no projeto da Via Expressa, intervenções paisagísticas. Na verdade, essas intervenções não existiram. O que se pode dizer é que algumas árvores bonitas presentes na Via Expressa possuem um grande potencial para a construção de áreas de lazer, sendo que o lugar mais destacado em relação à vegetação expressiva é o Parque Municipal.
Sobre as áreas com potencial de lazer pode-se dizer que são mais existentes na região entre o Parque da Gameleira e o Viaduto Silva Lobo. Seria de grande sucesso áreas de lazer como parques, ciclovias, pistas de cooper, pois foi observada, durante a pesquisa de campo, a presença de pessoas andando de bicicletas e fazendo cooper e, também, pessoas pedindo a construção de praças em locais apropriados.
Terminando a análise sobre valores paisagísticos e ambientais, devem ser enfocadas as áreas de valores históricos e os pontos de referência. A área de maior concentração desses valores se localiza entre a Rodoviária e o Parque Municipal, como já era de se esperar, pois é a região mais antiga da Via Expressa. Por isso, seria importante que se fizesse um projeto de revitalização para que a via se tornasse referência de valor cênico.
Sobre os pontos de referência pode-se dizer que, algumas vezes, coincidem com edificações de valor histórico. Mas existem também as edificações mais recentes e alguns viadutos, que são do conhecimento de quase toda a população.
Finalmente, serão analisadas as áreas com restrições à ocupação. Primeiramente, pode-se dizer que a área com restrições devido à declividade não afeta diretamente a Via Expressa, apenas em caso de alagamento. Há, também, sérios problemas geológicos e geotécnicos, sendo eles: zona que possui uma elevada predisposição a escorregamento do tipo deslizamento, associação à escavação, erosão, assoreamento, cavidades abandonadas e alguns casos inundação.
Outro problema importante é o fato da Via Expressa ser tecnicamente classificada como uma via de trânsito rápido e não possuir as características adequadas a essa classificação. Apresenta, por exemplo, passeios estreitos ( não chegando, algumas vezes, a 1 metro de largura). Isso é muito grave, pois aumenta o número de acidentes, tornando a área perigosa. As muretas de proteção do Ribeirão Arrudas não são bem demarcadas, fazendo com que haja casos de queda de automóveis dentro do ribeirão.
Observou-se, na pesquisa de campo, a má sinalização e falta de infra-estrutura em algumas esquinas, tornando perigosa a travessia de pedestres.
Como já foi dito em análise anterior, a área de proteção do curso d’água, onde não poderia existir nenhuma edificação, não é respeitada em quase toda a Via Expressa. Isso faz com que haja o risco de desabamento da edificação.
6.CONCLUSÃO
Ao concluir o presente trabalho, é importante destacar que o mesmo foi extremamente prático, constando de pesquisa de campo e transposição de dados, sendo feito através dos recursos da Cartografia Temática, Semiologia Gráfica e da Informática.
Esse trabalho fez com que a aluna usasse tecnologia avançada, tal como o Software MICROSTATION e a mesa digitalizadora, ampliando e complementando os seus conhecimentos de graduação.
A pesquisa levantou interesse em muitas pessoas, e é importante dizer que é um trabalho que finalizou na presente etapa, mas é rico de possibilidades de continuação como, por exemplo, a implantação do banco de dados informatizados e a associação de dados cartográficos a dados alfa numéricos. Dessa forma, estaremos trabalhando com um SIG completo, dando importante passo no processo de informatização dos dados.
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