METODOLOGIA PARA ATUALIZAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

 

 

SÉRGIO DE OLIVEIRA COSTA 1

SONIA MARIA QUEIROZ DE OLIVEIRA 2

 

1 Gerente e 2 Arquiteta - Empresa Municipal de Informática e Planejamento (IplanRIO) - Diretoria de Informações Gerenciais (DIG) Núcleo de Geoprocessamento Municipal (NGM).

Rua Gago Coutinho, 52/417 - CEP:22221-070 - RJ

Tel.: 503-2887

 

Equipe Técnica:

 

Alexandre José da Rocha Moreira

André Luis Gomes Pinto Peixoto

Luiz Paulo Louredo

Maria Luiza Furtado de Mendonça

Neide Carvalho Monteiro

Oto Barbosa Schneider

Thelma Cristina Guimarães de Lima e Silva

Walter Nogueira Freire

 

Resumo. Considerando-se o grau de atualização da base cartográfica como elemento fundamental para o bom desempenho das diversas atribuições da Administração Municipal, podemos afirmar que a implantação de um Sistema de Geoprocessamento válido para todo o Município se apresenta como fator decisivo em sua viabilização.

 

Este trabalho apresenta como experiência prática a metodologia que vem sendo utilizada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro para garantir a manutenção e atualização da base cartográfica, no âmbito de um Sistema de Geoprocessamento Municipal, parte integrante do Projeto de Mapeamento Digital, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, em fase de implantação.

 

Optou-se pela execução de um Projeto Piloto, com a participação efetiva dos técnicos das Secretarias contempladas pelo Projeto no desenvolvimento de algumas aplicações específicas. A partir desta experiência, tornou-se possível detectar as principais dificuldades na implantação de um Sistema de Informações Geográficas (GIS), dentre as quais destacaram-se aquelas referentes à manutenção e atualização da base cartográfica.

 

Este Grupo de Trabalho deu origem ao Grupo Coordenador do Sistema de Geoprocessamento Municipal - SIGEO, instituído pelo Decreto 14.772 de 30 de agosto de 1995. Ao mesmo tempo, o Fórum de Concessionárias vem agregando esforços no sentido de estabelecer o intercâmbio de informações cadastrais sob forma digital.

 

Assim, entendemos que, ao criarmos os meios para incorporação da ferramenta GIS sobre uma base compartilhada na rotina de trabalho dos setores envolvidos, esta se constituirá em fonte decisiva para a manutenção e atualização da base cartográfica da Cidade do Rio de Janeiro.

 

Abstract. Considering the existence of an updated cartographic base as a fundamental element in order to provide the good performance of the Municipal Administration, we can affirm that the implantation of a Geoprocessing System valid for all the municipality is a decisive factor for its viability.

 

This paper presents as practical experience the methodology that has been used by the Rio de Janeiro Municipality in order to provide the maintenance and regular updating of the cartographic base, by the implementation of a Municipal Geographic Information System, as part of the Project of Digital Mapping which has been financially supported by Interamerican Developing Bank (BID).

 

We decided to execute a Pilot Project which was carried out with the effective participation of the technicians of the Organs involved in the Project in the development of some specific applications. This experience made possible to detect the main difficulties in the implantation of a Geographic Information System, specially those referring to the maintenance and update of the cartographic base.

 

This working group gave origin to the Coordinating Group of the Municipal Geoprocessing System - SIGEO. At the same time, the Utilities Providers Forum has aggregated efforts in order to establish the interchange of digital cadastral data.

 

 

We understand that, by creating the means to incorporate the tool GIS over a shared cartographic base in the working routine of the involved sectors, this will become a decisive font for its maintenance and regular updating.

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

A IplanRIO, através de sua Diretoria de Informações Gerenciais, vem coordenando a implantação do Sistema de Geoprocessamento Municipal, parte do projeto de Mapeamento Digital, tendo como principal objetivo a integração de informações cadastrais ao mapeamento cartográfico, disponibilizando uma base cartográfica digital única a diversos Órgãos do Município.

 

Encontra-se em fase de licitação a complementação do mapeamento cartográfico do Município por restituição digital. Por outro lado, tem-se apresentado, nos últimos anos, como importante demanda por parte dos Órgãos da Administração Municipal a utilização desta base no apoio à tomada de decisões. Estima-se que os dados coletados manipulados pelo governos municipais são de 80 a 90% relacionados à localização geográfica.

 

Pretende-se, com a implantação de um Sistema de Geoprocessamento válido para todo o Município criar os meios necessários para a atualização e manutenção desta base. Arriscaríamos dizer que o custo de um mapeamento cartográfico nos moldes e padrões de qualidade daquele que vem sendo realizado para a Cidade do Rio de Janeiro seria, por si só, suficiente para justificar o investimento necessário à implantação e manutenção do Sistema.

 

O Município do Rio de Janeiro possui hoje um volume significativo de dados e informações registrados das mais diversas formas. Enquanto a IplanRIO e alguns cadastros residentes em outros Órgãos já possuem suas informações sob forma digital, os arquivos da Secretaria Municipal de Urbanismo, por exemplo, estão em sua maioria sob a forma analógica, impondo-se assim o estudo da forma de converter e armazenar essas informações, de maneira a permitir sua absorção e utilização via ferramenta GIS.

 

Pretendemos abordar aqui a metodologia que vem sendo utilizada para garantir a manutenção e atualização desta base. Como se trata de uma experiência ainda em andamento,não se pretende esgotar o assunto neste trabalho.

 

 

 

2. METODOLOGIA

 

Inicialmente buscou-se a identificação daqueles Órgãos da Administração Municipal responsáveis por trabalhos ou procedimentos capazes de modificar esta base cartográfica, bem como de seus produtos. Com base neste critério, estão contempladas pelo Projeto de Geoprocessamento Municipal em sua fase de implantação as Secretarias de Fazenda, de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico, Urbanismo, Meio Ambiente, Habitação e Obras.

 

Optou-se pela execução de um Projeto Piloto , tendo sido escolhida como área objeto a Unidade Espacial de Planejamento 42 - UEP 42 (Bairros de Pechincha e Freguesia, com cerca de 11 km2). O Projeto contou com a participação efetiva dos técnicos das Secretarias contempladas pelo Projeto no desenvolvimento de algumas aplicações específicas.(1)

 

Além da experiência que o trabalho propiciou à equipe do Núcleo de Geoprocessamento Municipal e mesmo não tendo contemplado o universo de entidades necessárias à utilização conjunta do sistema, possibilitou a detecção, nesta fase, das principais dificuldades na implantação de um Sistema de Informações Geográficas, dentre as quais destacaram-se aquelas referentes à manutenção e atualização da base cartográfica.

 

Considerando-se o volume de recursos financeiros necessários à aquisição de uma base cartográfica digital, tornou-se essencial a criação dos meios necessários à uma atualização contínua desta base.

 

Este objetivo somente poderia ser alcançado com a participação efetiva daqueles setores que nela interferem diretamente.

 

Em paralelo, foi desenvolvido um trabalho de divulgação do Projeto Piloto tanto entre os técnicos quanto entre os Titulares das Secretarias, visando com isto, abrir caminho para a consolidação de uma cultura de geoprocessamento.

 

 

2.1. Grupo Coordenador do Sistema de Geoprocessamento Municipal - SIGEO

 

Estabeleceu-se o consenso de que a criação e manutenção de um grupo multidisciplinar, com representatividade distribuída entre os diversos Órgãos , voltado para a criação dos meios para implantação do Sistema, de forma integrada, seria decisiva para o seu sucesso.

 

Com base na experiência acumulada ao longo da implantação do Projeto Piloto, o mesmo grupo inter-secretarias que já vinha trabalhando de maneira informal elaborou a minuta do Decreto 14.772 de 30 de agosto de 1995, instituindo o Grupo Coordenador do Sistema de Geoprocessamento Municipal - SIGEO.

 

Dentre suas principais competências, destacam-se para efeito desta abordagem:

 

 

Ficou estabelecido ainda que as Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Obras, Urbanismo, Habitação, Fazenda bem como a Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico teriam um representante com respectivo suplente no Grupo.

 

Neste contexto, a IplanRIO assume o papel de empresa coordenadora do Projeto, respondendo ainda pela administração da rede e do banco de dados, treinamento e suporte aos usuários. A idéia é transferir a cada Órgão envolvido, de forma gradativa ao longo do período de implantação do Projeto, o conhecimento necessário para o uso da ferramenta GIS.

 

Em paralelo, o Núcleo de Geoprocessamento Municipal vem se estruturando de forma a atender os diversos usuários, tendo sido designados um técnico e seu respectivo suplente no atendimento às demandas de cada área bem como na elaboração de algumas aplicações específicas.

 

Por outro lado, no âmbito de cada Secretaria, vem se formando grupos setoriais que vem discutindo questões como qual a melhor forma de participação no Sistema, viabilização de recursos próprios para aqueles setores não contemplados inicialmente, priorização dos dados a serem convertidos. Tais temas tem sido levantados inicialmente pelo SIGEO para posterior aprofundamento nas reuniões de caráter setorial.

 

Visando a obtenção de um diagnóstico das demandas bem como das necessidades das Secretarias em acessar informações produzidas e armazenadas por outros Órgãos, foi-lhes aplicado um questionário, contendo indagações relativas à utilização dos níveis da restituição, informações gráficas e alfanuméricas a serem incluídas no Sistema e suas formas de armazenamento assim como sobre a utilização por cada Secretaria de dados residentes em outros Órgãos. A este questionário foram incluídas indagações a respeito da atual disponibilidade de "hardware" e "software" em cada Secretaria.

 

As respostas ao questionário foram consolidadas em planilhas de acordo com os seguintes critérios:

1. Utilização de elementos da Restituição;

 

2. Dados gráficos a serem compartilhados pelas Secretarias

 

3. Cadastros alfanuméricos a serem compartilhados pelas Secretarias

 

3.1. Cadastros informatizados

 

3.2. Cadastros não informatizados

 

4. Outros elementos solicitados

 

4.1. Dados gráficos

 

4.2. Dados alfanuméricos

 

5. Dados solicitados a serem obtidos pelo Sistema.

 

Objeto de ajustes e revisões estas planilhas revelaram alguns pontos importantes, a seguir:

1- qual o grau de utilização dos níveis da restituição nos trabalhos de rotina de cada Secretaria;

2- quais os dados gráficos e alfanuméricos disponíveis, sua forma de armazenamento e sua utilização por outros Órgãos;

 

3- a necessidade de tornar ágil e eficiente a troca de informações entre os diversos Órgãos, troca que vem funcionando historicamente, porém de forma insatisfatória, segundo avaliação dos próprios técnicos.

As respostas relativas à disponibilidade de "software" e "hardware" nas Secretarias serviu como referência ao dimensionamennto e especificações de equipamentos e "softwares" a serem licitados.

 

Este conjunto de informações consolidadas em planilhas deverá servir de base para discussões mais específicas no sentido de estabelecer prioridades com relação aos dados a serem incluídos no Sistema, com definição de alocação de verba para sua conversão. Pretende-se, neste estágio, dar início ao processo de modelagem dos dados.

 

2.2. Fórum de Concessionárias

 

Tendo-se como premissa básica a construção dos meios capazes de consolidar o compartilhamento de uma base cartográfica atualizada também no que diz respeito à infra-estrutura urbana, criou-se o Fórum de Concessionárias, que vem agregando esforços de técnicos das Concessionárias que atuam a nível estadual nos serviços de Luz (Light), Gás (CEG), Água (CEDAE) e Telefone (TELERJ), além daquelas da própria esfera municipal como a RIOLUZ e a Divisão de Drenagem da Secretaria Municipal de Obras.

 

Este grupo de Trabalho tem como principais objetivos:

 

O trabalho que vem sendo desenvolvido com as Concessionárias segue a mesma metodologia aplicada no caso das Secretarias, cabendo ressaltar aqui algumas especificidades, destacando-se o caráter predominantemente cooperativo entre Órgãos que nem sempre atuam na mesma esfera de governo.

 

Neste sentido, encontram-se em fase de negociação os termos dos Convênios de Cooperação Técnica a serem firmados entre a IplanRIO e as Concessionárias.

 

Tendo em vista a necessidade tanto por parte das Secretarias Municipais quanto por parte das Concessionárias em trocar informações, a IplanRIO propõe a disponibilização da base cartográfica em troca da disponibilização por parte delas de informações necessárias às atividades inerentes aos Órgãos Municipais contempladados nesta fase do Projeto.

 

Encontram-se em andamento as discussões no sentido da execução de um Projeto Piloto em parceria com as Concessionárias, para o qual foi escolhida como área objeto uma parcela da Unidade de Planejamento 42 - UEP42.

 

 

 

 

3. CONCLUSÃO

 

É evidente que as decisões apoiadas em análise espacial perdem em confiabilidade quando a base cartográfica não se encontra devidamente atualizada (2).

 

Esta atualização se torna um desafio quando consideramos o grau de dispersão em que se encontram as informações sobre a cidade. Neste sentido, o compartilhamento de uma base única entre os diversos Órgãos que nela interferem diretamente torna-se elemento importante na consolidação de uma verdadeira co-responsabilidade por sua atualização.

 

O verdadeiro desafio que buscamos vencer com a metodologia adotada é a incorporação dos procedimentos de atualização dos dados à rotina de trabalho de cada Secretaria, de tal forma que os procedimentos relativos à atualização não formem um bloco em separado, mas sim façam parte do próprio processo de utilização do Sistema.

 

Tal postura não exclui a eventual necessidade de procedimentos complementares de atualização do mapeamento digital - este nos parece ser o caso dos assentamentos de baixa renda bem como do próprio cadastramento imobiliário da Cidade.

 

 

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

1- COSTA S.O., MENDONÇA, M.L.e PEIXOTO, A.L. Município do Rio de Janeiro Projeto Piloto de Geoprocessamento: resultados e avaliação in GIS Brasil 96 - Curitiba, Sagres Editora,1996.

 

2- LAURINI, R., MILLERET-RAFFORT, F. Updating and Sharing Geographic Information in UDM’s 93 16th Urban Data - Management Symposium,pg 26-41, Viena, 1993.